Faculdades morais e intelectuais do homem
- Marcelo Guzzon
- 27 de mai. de 2019
- 4 min de leitura

Começaremos com o livro dos espíritos, o espírito em verdade responde a Allan Kardec sobre os conceitos deste estudo.
361. De onde vêm para o homem as suas qualidades morais, boas ou más?
— São as do Espírito que está nele encarnado; quanto mais puro é esse Espírito, mais o homem é propenso ao bem.
361 – a) Parece resultar daí que o homem de bem é a encarnação de um bom Espírito, e o homem vicioso, a de um mau Espírito?
— Sim, mas dize antes que é um Espírito imperfeito, pois de outra forma se poderia crer nos Espíritos sempre maus, a que chamais demônios.
365. Por que os homens mais inteligentes, que revelam um Espírito superior neles encarnados, são, às vezes, ao mesmo tempo, profundamente viciosos?
— É que Espírito encarnado não é bastante puro, e o homem cede à influência de outros Espíritos ainda piores. O Espírito progride numa marcha ascendente insensível, mas o progresso não se realiza simultaneamente em todos os sentidos; num período ele pode avançar em ciência, num outro em moralidade.
366. Que pensar da opinião segundo a qual as diferentes faculdades intelectuais e morais do homem seriam o produto de outros tantos Espíritos diversos, nele encarnados, tendo cada qual uma aptidão especial?
— Refletindo-se a respeito, reconhece-se que é absurda. O Espírito deve ter todas as aptidões. Para poder progredir, necessita de uma vontade única.
Se o homem fosse um amálgama de Espíritos, essa vontade não existiria e ele não teria individualidade, pois, na sua morte, todos esses Espíritos seriam como um bando de pássaros livres da gaiola.
O homem se queixa muitas vezes de não compreender algumas coisas, mas é curioso ver-se como ele multiplica as dificuldades, quando tem em mãos uma explicação muito simples e natural. Isso é ainda tomar o efeito pela causa; fazer com o homem o que os pagãos faziam com Deus. Eles criam em tantos deuses quantos os fenômenos do universo. Mas, mesmo entre eles, as pessoas sensatas não viam nesses fenômenos mais do que efeitos, tendo por causa um Deus único.
O homem de bem é a encarnação de um bom Espírito, em caso contrário teremos um espírito imperfeito. É necessário fazer essa diferenciação, pois se dissermos que ali encarnou um espírito mau, poderíamos fazer crer na existência de Espíritos destinados sempre ao mau, os chamados demônios. Um espírito bom, aquele que já alcançou algum progresso não terá ações que sejam incoerentes com sua formação moral e intelectual.
Cada propensão do homem será o indicativo do espírito ali encarnado: paciente, calmo, educado, gentil, maliciosos, leviano, extravagante, malfazejo, pois somos o reflexo de nosso espírito.
Da mesma forma o Espírito dará ao homem as qualidades morais e as da inteligência e isso em virtude do grau de adiantamento a que se haja elevado
Alguns homens muito inteligentes, podem ser ao mesmo tempo profundamente viciosos, pois a evolução moral e a intelectual não necessariamente ocorre ao mesmo tempo. Vemos na resposta a essa questão, 365, os espíritos nos colocarem:
“É que não são ainda bastante puros os Espíritos encarnados nesses homens, que, então, e por isso, cedem à influência de outros Espíritos mais imperfeitos. O Espírito progride em insensível marcha ascendente, mas o progresso não se efetua simultaneamente em todos os sentidos. Durante um período da sua existência, ele se adianta em ciência; durante outro, em moralidade.”
A questão 366 também é muito interessante, vamos vê-la em sua íntegra e também o comentário de Kardec:
366. Que se deve pensar da opinião dos que pretendem que as diferentes faculdades intelectuais e morais do homem resultam da encarnação, nele, de outros tantos Espíritos, diferentes entre si, cada um com uma aptidão especial?
“Refletindo, reconhecereis que é absurda. O Espírito tem que ter todas as aptidões. Para progredir, precisa de uma vontade única. Se o homem fosse um amálgama de Espíritos, essa vontade não existiria e ele careceria de individualidade, pois que, por sua morte, todos aqueles Espíritos formariam um bando de pássaros escapados da gaiola. Queixa-se, amiúde, o homem de não compreender certas coisas e, no entanto, curioso é ver-se como multiplica as dificuldades, quando tem ao seu alcance explicações muito simples e naturais. Ainda neste caso tomam o efeito pela causa. Fazem, com relação à criatura humana, o que, com relação a Deus, faziam os pagãos, que acreditavam em tantos deuses quantos eram os fenômenos no Universo, se bem que as pessoas sensatas, com eles coexistentes, apenas viam em tais fenômenos efeitos provindos de uma causa única — Deus.”
Aprofundando essas observações vemos em A Gênese, Capítulo XI - Encarnação dos Espíritos:
"Ao mesmo tempo que o Espírito recobra a consciência de si mesmo, perde a lembrança do seu passado, sem perder as faculdades, as qualidades e as aptidões anteriormente adquiridas, que haviam ficado temporariamente em estado de latência e que, voltando à atividade, vão ajudá-lo a fazer mais e melhor do que antes.
Não há, portanto, solução de continuidade na vida espiritual, sem embargo do esquecimento do passado. Cada Espírito é sempre o mesmo eu, antes, durante e depois da encarnação, sendo esta, apenas, uma fase da sua existência. O próprio esquecimento se dá tão-só no curso da vida exterior de relação. Durante o sono, desprendido, em parte, dos liames carnais, restituído à liberdade e à vida espiritual, o Espírito se lembra, pois que, então, já não tem a visão tão obscurecida pela matéria. O princípio da reencarnação é uma consequência necessária da lei de progresso."
A razão nos mostra que primeiro devemos conhecer o processo, para depois, consciente, aplicá-lo. Portanto, primeiro o intelecto se desenvolve estimulando a moralidade. Isso, porém, não significa que pessoas inteligentes sejam mais moralizadas que outras menos intelectualizadas. É que sobre a materialidade, muito se esconde de nossas tendências.
Temos infelizmente alguns exemplos históricos de intelectuais que usaram seu conhecimento para destruição e genocídios, portanto, o homem deve buscar sempre um equilíbrio para que não se perca em seu ego e se desvie de seu caminho de melhoramento.
Brilha a tua luz!!!
Fonte:
Livro dos espíritos
Livro A Gênese
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